3.12.10

Pirão bom é do Bar do Mano!

Eu nunca fui fã de pirão. Gostava, mas não era louca pela comida. Mas isso foi antes de conhecer o Bar  e Restaurante do Mano, na praia de São Bento (AL). Desde que comi o pirão desse lugar, nunca mais deixei de ir ao restaurante quando estou por aquelas bandas.
Primeiro, falemos sobre o local. O Bar do Mano fica na beira do mar, na praia de São Bento, um lugar ótimo para levar sua esteirinha e relaxar. Mar limpo, calmo, praia tranquila. Você pode tanto aproveitar o banho gostoso ou simplesmente ficar apreciando o marzão sentado numa mesa dentro do restaurante.

Aí podemos falar do atendimento. O restaurante está sempre lotado, mas todas as atendentes estão lá dispostas a pegar o seu pedido e lhe servir o mais rápido possível. Elas chegam a falar correndo e se você pensar demais vai perder a vez, porque elas vão atender outro. É tudo na correria, mas a simpatia está sempre presente.
Isso tudo é obra do Mano, dono do restaurante, um senhor de cabeça branca, com um sorriso gostoso que está sempre por lá dizendo "oi, meu amigo!" para cada um, em cada mesa. Uma pessoa simples que quando perguntada sobre o segredo de uma comida tão boa, passa logo a bola: "Minha filha, isso são as 'menina'. Elas vão botando uma 'fari-inha' aqui, um bocadinho de leite ali, aí fica bom, neh?!".
E já que falamos na comida, não há como escapar do foco: o pirão. Nosso pedido lá é sempre o mesmo: posta de peixe frito, acompanhado de pirão de coco, pirão de tomate e arroz. Confesso que o pirão de tomate não chega a participar do meu prato, já que não consigo largar o de coco. O negócio é bom demais!
O prato serve MUITO bem duas pessoas. Dá até para três, se conseguirem resistir e comer pouco. Como a gente não consegue, sempre saímos de lá andando devagar, segurando um no outro, com a barriga dura, cheia de pirão. E vale a pena. Se vale!

Vai lá?
Bar e Restaurante do Mano
Beira-mar da Praia de São Bento - AL
:: Tel.: (82) 3296.7106 ::
22.11.10

Restaurante Maré Mansa é parada obrigatória em Maragogi

Sempre que vou a Maragogi uma parada é certa, já faz parte da programação: comer a galinha à cabidela de Tia Amara, no Restaurante Maré Mansa. Só de lembrar minha boca já enche d'água.

Placa do restaurante
O restaurante é daqueles bem simplezinhos, que começou com uma mesinha no terraço e foi aumentando até ter mesas espalhadas pelo quintal inteiro. A responsável pelo cardápio é Dona Amara, uma senhora simpática que sempre está por lá rodeando todas as mesas para ver se tá tudo certo.

O restaurante funciona na casa simples de Tia Amara
A comida é bem caseira. Tem peixe, lagosta e a já falada galinha à cabidela. Dessa não abro mão! O prato vem bem servido, acompanhado de feijão, arroz, salada e da melhor farofa do mundo! Eu, como apreciadora de uma boa farofa, sempre quero mais. É a única coisa que pra mim não basta, uma porção é pouco. Você come, sai cheio, mas a vontade de comer a farofa de lá com o molhinho da cabidela não passa... (minha barriga roncou).
A melhor galinha à cabidela!
Depois dessa descrição, acho que já deu pra perceber o quanto vale a pena a visita, né?! E, na saída, não esqueça de comprar um pote de doce caseiro pra voltar se deliciando na viagem.
19.11.10

Por aí...

Divisa AL/PE - AL 101 e PE 060
17.11.10

O camping de Jesus

A primeira vez que visitei a casa, ou melhor, o camping de Jesus foi por acaso, daqueles acasos fortes, tipo "cair de paraquedas". Foi mesmo a intuição que foi levando, levando, até a gente chegar lá. Afinal, o caminho para o camping de Jesus não é muito sinalizado ou explicado nos guias de viagem.

Barracas
Explico: estou falando do camping de Sávio, vulgo Jesus, em Ponta de Mangue (Maragogi, Alagoas), a uns 110 km do Recife. Conheci o lugar quando estávamos eu e meu namorado voltando de uma tentantiva frustrada de acampar em Barra de São Miguel (AL). Voltando, sem saber onde íamos passar nossos dias livres, resolvemos entrar numa ruazinha, saímos dirigindo por estradinhas de terra até que... "camping"! Nem acreditamos na surpresa que o tão querido acaso proporcionou. Isso faz quase 2 anos e, desde então, esse é um dos nossos destinos preferidos para finais de semana ou feriados.

Aluguel de caiaque no próprio camping

O lugar é lindo, super organizado, pequeno e completo. Tem estrutura de banheiros feminino e masculino, geladeira para guardar o necessário, lugar para fazer um foguinho. Perto das barracas há pontos de energia, para ligar um abajour, ventilador e o que mais for necessário. Nada de gente mal educada, com som alto. Tudo e todos são muito tranquilos.

Entrada do camping pela praia
O camping fica no melhor ponto da praia, bem em frente às piscinas naturais e onde, em épocas de lua cheia e/ou nova, o banco de areia vai até elas. Nem precisa gastar dinheiro com os passeios turísticos de barco que levam até as galés. Só é preciso disposição e máscaras de mergulho para aproveitar. Não tem máscara? Jesus aluga. Se você quiser, há também aluguel de caiaque (R$ 15 a hora) e aulas de windsurf. Jesus é quem ensina, com a maior calma e um sorrisão no rosto.

Escritório
A diária para se hospedar no camping de Jesus custa R$ 20 por pessoa. Em feriados longos ou datas comemorativas é sempre bom agendar sua ida antes. A quantidade de barracas é sempre limitada, pois Jesus não gosta de bagunça e confusão no seu pedacinho do céu. Sim, porque não há palavra melhor para definir o lugar do que "paraíso", mesmo com todo o clichê dessa descrição.


Vai lá?
Camping de Sávio (Jesus)
:: Ponta de Mangue, Maragogi, AL ::
:: Tel.: (81) 9428.9100 :: (82) 3296.9182 ::
22.10.10

Naturalmente ontem e hoje, no 15º Festival de Dança do Recife

:: Fotos: Victor Jucá ::

Fazia tempo que eu não me emocionava com um espetáculo. Ontem, ao assistir Naturalmente - Teoria e Jogo de uma Dança Brasileira, meus olhos brilharam e meu coração deu aquelas palpitadas fortes, uma coisa mexeu lá dentro. O espetáculo marcou a abertura oficial do Festival Internacional de Dança do Recife. A programação vai até o dia 30 deste mês.

A apresentação em questão foi ontem à noite, no Teatro de Santo Isabel, mas vai acontecer de novo hoje, no mesmo horário e local. A entrada custa só R$ 5. Se for como ontem, é bom comprar cedo porque estava bem lotado.

Naturalmente é um espetáculo-aula. Quem comanda é o pernambucano Antonio Carlos Nóbrega, que nos leva para dentro de sua busca por uma identidade nacional da dança. A apresentação é didática, já que muitas vezes ele explica seu processo criativo, como pensou, por onde passou, o que pesquisou, até chegar no - maravilhoso - resultado. Os elementos de diversos ritmos nos são mostrados e vamos aos poucos descobrindo passos combinados que muitas vezes usamos sem saber sua origem. Mas não dá para tentar explicar muito. Embora tenha essa característica didática, explicativa, o espetáculo é todo sentimento. Arte é assim, né?! Tem que sentir.


Para quem puder, a dica de passeio de hoje é correr pro Teatro de Santa Isabel, comprar o ingresso e se emocionar à noite com a dança. Quem não puder ir hoje, muita coisa ainda vai acontecer, até o útlimo dia do evento. Vejam a programação

Eu já estou doida para me emocionar de novo.
19.10.10

Comida caseira do Japão :: As delícias do Sr. Wadamon

Sabe aquele lugar que você acha bem por acaso, que fica numa rua escondida, sem saída, e pelo qual você não dá nada?! Assim ERA para mim o Umi No Sati, restaurante japonês que fica na Tamarineira.
Na primeira vez que passamos por lá, eu e meu namorado vimos aquela casinha verde no final da rua, que tinha na entrada um mega banner dizendo funcionar ali uma Temakiria (assim mesmo). Então, semana passada, lembramos desse lugarzinho: "Bora lá naquela temakeria ver se presta?"


E não é que presta!?! Logo ao chegar, a primeira surpresa. No mesmo banner onde tem o nome do restaurante, está escrito: "único sushiman profissional do Japão no Recife". Aí já percebemos que o negócio era bom mesmo! 
O lugar é simples. Uma casinha de paredes verdes, com mesinhas de plástico no quintal e umas outras de madeira pela sala. Nas paredes, uns cartazes explicativos sobre a forma certa de saborear a culinária oriental. Sentamos entre a sala e o jardim.

As opções são inúmeras! Entradas, massas, frituras, temakis, combinados... o que você imaginar. E os nomes não são muito familiares. Ficamos meio perdidos, mas nada que a simpática Maki (Meu nome é Maki, mas não é sushi, tá?!) não resolvesse. Ficamos então com um Sunomono de Salmão e Peixe Branco de entrada (R$ 10,80) e pedimos Temaki Aburi de Salmão, (R$ 11,80) sugestão dela.

O ambiente é agradável e engraçado. A graça fica por conta da senhora japonesa atrapalhada  que, por duas vezes, vem em nossa mesa, com um sorriso no rosto, colocar uma cerveja que não pedimos. Ela continua com o sorriso, balança a cabeça afirmando que entendeu que não era para a gente, e sai em busca do dono da bebida. A conversa dela e de Maki é em japonês, língua que dá um ar engraçado aos ouvidos.

Aí chega o pedido. Primeiro vêm os guardanapos, que são na verdade aquelas toalhinhas mornas. Nada de guardanapo de papel. Limpamos as mãos e fomos saborear o sunomono. Primeiro, a explicação: "Não coloquem shoyo porque já tem no molho. E nem peçam wasabi porque a receita original não leva". Então tá. Saboreamos do jeito que veio. Delícia! Eu, que não me dou bem com peixe branco, adorei. Maki havia me avisado "peixe branco aqui é diferente". Isso porque eles não servem esse peixe cru, mas sim maçaricado, já que ele é muito oleoso. O pepino também é um caso à parte. Nunca vi tão fino! Tudo vem boiando no molho feito a base do shoyo. Aprovadíssimo!
Depois foi a vez do temaki. Achei um pouco diferente do que estamos acostumados, pois ela aconselhou não colocar o shoyo (ele não deve ensopar o arroz, como fazemos normalmente). Mas, mesmo assim, gostei das novidades e devorei o cone. Para fechar a noite, pedimos um tempurá de sorvete (13,50). Dessa vez quem nos atendeu foi a senhora japonesa:

- Qual o sabor do sorvete? - perguntei.
- "No ricoremo no?"
Tá.... (?)

Aí chegou o prato e ficamos ainda mais felizes por termos ido até lá.
Depois, batemos palma para pedir a conta - como elas orientaram - e saímos de lá com a certeza de que a comida faz jus ao nome do lugar. Umi no Sati = Felicidade no Mar.

Vai lá?
Umi No Sati
Rua Afonso Celso, 100 :: Tamarineira
(Por trás do Nakumbuca / Fiteiro)
Não funciona às quartas
15.10.10

Bubu Brasil é bom, bonito e barato

Um dia desses eu queria comer uma pizza, mas já estava meio de saco cheio dos mesmos lugares, queria um ambiente mais agradável, diferente, mas que não fosse prejudicar meu bolso. Meu namorado lembrou então de um lugar no qual a gente sempre passava na frente, mas nunca tinha ido. Aí fomos!

A tal pizzaria é a Bubu Brasil, que fica nos Aflitos. O lugar é bem agradável, uma casa pequenininha, com um jardim meio escuro, umas mesinhas de madeira, tudo bem atrativo. Ah! E todo temático da África, da roupa dos garçons (chamadas Bubus, uma vestimenta típica) à decoração, passando pelos nomes dos pratos.
Sentamos e pedimos o cardápio. Logo chegou o dono do lugar, que nos recebeu, perguntou se era a primeira vez e nos apresentou todo o menu, composto por entradas, saladas, crepes e pizzas. A variedade é boa e os preços ótimos.
As saladas variam de R$ 13,50 a R$ 16,90. Já os crepes, de R$ 12,20 a R$ 20. As pizzas, que servem bem duas pessoas (6 fatias), ficam entre R$ 14 a R$ 26,40. As composições dos pratos são das mais variadas, mas você pode mudar a seu gosto. Se a pizza for pedida em dois sabores, o preço fica proporcional a cada sabor, e não o valor da mais cara, como em muitos locais por aí.

Pedimos uma entrada deliciosa (que agora esqueci o nome), uma cestinha de massa de pizza com dois molhos, um de tomate e outro com gosto mais forte, meio árabe. Depois foi a vez de provarmos a pizza. Ficamos com meia margherita (tem outro nome) e meia bubu brasil, uma pizza que mistura queijos, camarão e manga. A massa é bem fininha e crocante, uma delícia! Ah! E tudo é servido bem rápido. Pra mim, que me desespero quando estou com fome, foi uma agradável surpresa.

(Desculpem-me a falta de fotos, mas a fome foi maior e eu nem lembrei de tirar quando chegou a pizza).

Vai lá?
Bubu Brasil
Av. Santos Dummont, 270 :: Aflitos
:: 3426.4470 ::
De terça a quinta, das 18h às 0h
De sexta a domingo, das 18h às 1h
11.10.10

Calhetas pela Ponte do Paiva

Sábado de "meio feriado", um sol lindo e a dúvida sobre o que fazer. Viajar era difícil, já que as pousadas só fechavam pacotes.
- Bora para alguma praia aqui por perto então.
- É! "Vamo" pela Ponte do Paiva!

Aí pronto!

A ponte do Paiva foi inaugurada em junho deste ano e a gente ainda não conhecia. Num pulo chegamos.
A impressão realmente é das melhores. Confesso que não gosto dessa coisa de pagar pedágio, mas vale a pena viajar para o litoral sul por lá. A distância é menor e a organização e a beleza do lugar deixam o passeio mais agradável.

A tarifa no final de semana, para carro pequeno, custa R$ 5,50. Pagamos e aí começou o passeio. A ponte é bem legal, bonita e a vista do encontro do rio com o mar já faz valer passar por ali. Quando chegamos na pista, a impressão que dá é que não estamos aqui no Estado. Tudo muito chique, a estrada nova, pessoas "finas" andando em suas bicicletas pela ciclovia, sinalização por toda a parte, carros de salvamento, guardas, tudo muito bem estruturado.


Decidimos, então, dar uma parada por ali mesmo. O mar estava bem seco, o que fez com que a praia fosse tomada por diversas piscininhas naturais. Pouquíssimas pessoas estavam por aquelas bandas. Andamos um pouco, tomamos um banho rápido e seguimos. Para os despreparados como nós, vale avisar que não há bares, restaurantes ou mesmo barraquinhas nessa praia, então se for passar o dia por lá é bom levar sua esteirinha, seu isopor (ou cooler, para ser mais chique) e aproveitar.


Depois dali fomos à praia de Calhetas. Fazia muito tempo que não ia por aquelas bandas e fiquei bem feliz por ter voltado lá. O problema é o acesso. As pistas que levam às praias do Cabo de Santo Agostinho são péssimas e os carros se espremem para passar um ao lado do outro.

Mas, fora isso, o lugar é lindo, a praia uma delícia, diversos restaurantes e barraquinhas com tudo de mais gostoso. Sentamos, comemos um ensopado de sururu delicioso, aproveitamos a praia e voltamos satisfeitos com o passeio. Fica a dica para vocês também.
 
10.9.10

Os mais de cem sorvetes da 50 Sabores

Como nunca é tarde para falar de coisa boa, resolvi escrever sobre a Sorveteria 50 Sabores, que conheci quando fui à Fortaleza, mês passado. O passeio é obrigatório para quem visita a cidade. Mesmo porque nunca é demais parar para uma refrescada no calor de Fortaleza.

:: Foto: Divulgação 50 sabores ::

Apesar do nome, a sorveteria não tem 50 sabores. Tem, no mínimo, o dobro disso! É sorvete de tudo o que você imaginar e mais um pouco. A fabricação é toda própria, o que dá ainda mais valor a essa delícia. Você já pensou em tomar sorvete de bacuri? E café com tapioca? Quem sabe um de cerveja? Caipirinha? Coalhada com rapadura? Figo ao conhaque? Tapioca com açaí? Tem tudo lá! Eu, como não resisto ao maracujá, fiquei com o "de delícia" da fruta. Realmente uma delícia.

O que não é tão gostoso assim é o preço. O copinho com uma bola do sorvete é R$ 6! Agora, pense na bola! É realmente grande. De qualquer forma, vale o passeio. Mas com tantas opções, vá com tempo de sobra para pedir uma provinha de cada um que tiver curiosidade. Você vai querer comer tudo!


:: Foto: André Xerém ::

Vai lá?
Sorveteria 50 Sabores
Av. 13 de maio, 805 - Fátima :: (85) 3023.4397
Av. Beira Mar, 4690 - Mucuripe :: (85) 3263.1714
Av. Beira Mar, 2982 - Meireles :: (85) 3032.0050
Av. Bezerra de menezes, 526 - Parquelândia :: (85) 3023.4757
7.9.10

Olinda cheia de MIMO

Passear em Olinda é sempre uma alegria. Mas quando a cidade está em festa o passeio fica ainda mais prazeroso. E esse final de semana Olinda tava assim: cheia de graça, cheia de gente, cheia de coisa para ver e ouvir.


O motivo de toda essa movimentação na primeira "capital" de Pernambuco foi a Mostra Internacional de Música de Olinda, a MIMO. Música pelos quatro cantos da cidade, invadindo igrejas e praças. Cinema também nos mercados e pátios da cidade alta. Aliás, essa foi pra mim a grande surpresa desta edição. O festival, que já acontece há seis anos, inaugurou o Festival MIMO de Cinema, que até o ano passado era apenas uma mostra de curtas e médias metragens. Agora mesmo acabei de voltar de lá, onde assisti ao documentário Mamonas Para Sempre, de Cláudio Kahns.

Para mim, o melhor da festa foi o show de Tom Zé, no domingo; o de Orquestra Contemporânea de Olinda, ontem; o longa Tom Zé - Astronauta Libertado; e o longa dos Mamonas, sobre o qual já falei. Falo da programação, porque de acontecimento foi poder sentar no Estação Café, montado especialmente no Mercado da Ribeira, e dar de cara com Tom Zé dando entrevistas e passeando por lá. Aí a oportunidade não escapa e o registro tá aí feito. 
Que no ano que vem o festival volte com mais coisa boa, mais cinema, mais música e, se não for pedir muito, mais dias. Sete dias de Mimo não dá pro gasto.
3.9.10

Eu Fui!


Camping em Paulo Afonso - por Carla Alencar

"Carlinha, vamos acampar pertinho de Paulo Afonso? Nas margens do rio Itaparica. A gente vai amanhã (quarta) e volta no domingo." Fui acordada assim em um dia de julho. E eu que nem gosto de uma farra, topei na hora. Abandonei todos as programações de férias e fui. 
A viagem de carro dura em média 8hs. No caminho, passamos pela ponte do Riacho do Navio e eu, claro, fiz parar o carro pra tirar foto e fiquei o resto da viagem cantando a música. Chegando em Paulo Afonso, fizemos o passeio clássico pelas hidroelétricas e tirei mil fotos com o Rio São Francisco,e,também, da ponte que Nazaré pulou, no final de A senhora do destino. Dormimos o primeiro dia na pousada Energia que fica no Centro de Paulo Afonso (R$120 a diária) e no outro dia, logo cedo, seguimos viagem para as barragens de Itaparica. O caminho é árido, mas um árido bonito. Passamos por uma plantação imensa de melancia e levamos algumas. Demoramos umas duas horas pra chegar até o destino.  Chegamos, armamos as barracas e aproveitamos pra ver o que tem de mais bonito por lá: o pôr-do-sol. Não existe igual ao do Sertão. O clima lá é assim, de dia um sol danado, daquele sol vadio que engana e queima a pele sem dó e a noite trata logo de compensar com um friozinho gostoso (parecido com Garanhus, saía fumacinha e tudo). E eu tive sorte: Chegamos junto com a lua cheia, ai imagina,né? Churrasquinho, fogueira, vinho, batida... Vale salientar que lá não tem energia elétrica e o celular só pega embaixo de uma árvore específica e olhe lá. Foi tudo á base de um isopor gigante cheio de gelo. A graça era tomar banho no rio a noite, à luz da lua. Literalmente. Durante o dia, além da vista, a gente pescava, tomava banho de rio (mega cristalino),ouvia as histórias e poesias de seu Manuel (Ai já é conversa pra outro texto), cheguei a ver o parto de uns bezerrinhos, escrevi muito, conversava potoca, andava de barco, fazia as necessidades lá pra longe (essa parte era a mais complicada porque eu sou cheia de frescura pra ir no banheiro, mas no segundo dia eu já tava melhor amiga do machado que a gente usava para facilitar). 
Eu me dei conta que a  vida era mesmo boa. E os dias se passaram assim:
Uma vida mansa, sombra e água fresca como diz o ditado.
31.8.10

Arte, cultura e lazer no Dragão do Mar

Confesso que senti uma pontinha de inveja de Fortaleza quando conheci o Dragão do Mar. O lugar é lindo e tem espaço para todos os tipos de manifestação artística. Diversas mostras, shows, cinema, oficinas, teatro, dança, gastronomia, auditórios, planetário, biblioteca... de tudo tem um pouco nos seus mais de 30 mil metros quadrados.


O complexo tem 11 anos, foi inaugurado em abril de 1999. Tudo é muito organizado e conservado. A construção moderna do Dragão contrasta com os antigos prédios de séculos passados, da área histórica em que se encontra. O nome faz homenagem ao antigo pescador Chico da Matilde, que ficou conhecido dessa forma por se recusar a transportar negros escravos que seriam vendidos no sul do país.

Eu não tive muito tempo para aproveitar o espaço, mas deu para ter uma noção. Na sexta à tarde, o passeio foi para ver duas mostras. A primeira, Brinquedo - A Arte do Movimento, que resgata a toda a memória afetiva e ludicidade dos brinquedos populares. A segunda que visitei foi a exposição permanente Vaqueiros, um passeio que traça a trajetória da figura do vaqueiro a partir da ocupação do Ceará até os dias de hoje. As entradas foram gratuitas, mas algumas exposições são pagas (R$ 2 e R$ 1).

À noite, voltamos para conhecer um "novo" Dragão do Mar. Nessa hora, a calmaria da tarde dá lugar a um movimentado ambiente, tomado por vários bares, restaurantes e boates. A nossa pedida foi aproveitar o Bar do Bexiga, que tem o famoso chope de vinho. Depois de dois longos dias de trabalho, sem descanso, somados à grande caneca da bebida, o sono bateu e nem consegui passar muito tempo por lá. Fica para a próxima!

Vai lá?
Dragão do Mar
Rua Dragão do Mar, 81
Praia de Iracema, Fortaleza, CE
Horários de visitação:
De terça à quinta, das 9h às 19h
De sexta à domingo, das 14h às 21h
30.8.10

Passeando em Fortaleza

-->
Uma vez me disseram: “em Fortaleza parece que é sempre férias”. E realmente, essa foi a impressão que tive daquela cidade.
Na última quinta-feira fui à capital do Ceará a trabalho. Aproveitei, então, para esticar e passar o fim de semana na cidade, que eu ainda não conhecia. E a impressão que tive foi das melhores. Fortaleza me pareceu bem organizada e pensada para o turismo. Para os que moram lá, há muita coisa para melhorar, muitos pontos a serem recuperados. Mas o que é mostrado ao turista é a imagem de um lugar limpo, organizado e cheio de coisas boas a oferecer.
Dois dias na cidade é pouco para aproveitar tudo o que tem de bom. Assim, com a ajuda e o guia dos amigos “de lá”, aproveitamos o tempo todo fazendo alguns passeios indispensáveis. E indico todos! Dragão do mar, a qualquer hora do dia, para respirar arte, cultura e gastronomia; as barracas badaladas da Praia do Futuro, como a Croco Beach; a avenida Monsenhor Tabosa, onde se pode fazer compras de sandálias lindas por R$ 10; o passeio na beira mar no final da tarde, para aproveitar o pôr do sol e passear na ótima feirinha de artesanato; o sorvete da 50 sabores; o Mercado Central, para comprar as lembrancinhas da volta; o esquibunda nas praias com dunas, como a Iguape, a meia hora da capital... enfim, todos os minutos em Fortaleza valeram a pena. A pena, no outro sentido, foi não ter mais tempo para ficar por lá. Mas assim que der eu volto. Ainda tem muita coisa para conhecer!
23.8.10

Eu fui!

Agora é assim: se o seu passeio for bom, valer a pena ser divulgado! Manda pra mim que aqui no Passeando tem espaço garantido pra coisa boa. Você faz um texto - curto - sobre seu passeio, viagem, bate-perna, ponte aérea, andança..., manda junto com uma foto sua no local e eu posto aqui.
Mas tem que ser realmente interessante, ok?!

E pra começar, o primeiro EU FUI do Passeando é chiquérrimo! Quem passeou foi a jornalista Eliza Brito. Ela foi a Viena (quem pode, pode) e mandou esse texto pro Passeando.

Viajem com ele!

Eu Fui!

Viena

Passeio por Eliza Brito

Foto: Ana Brito


Se você gosta de história e requinte, minha dica é Viena. A cidade não é barata, mas dá para economizar na hospedagem e na alimentação. Todo supermercado tem comida pronta e tem supermercado até nas paradas maiores de metrô. Por falar em metrô, dá para conhecer a cidade inteira pelo meio de transporte, que é moderno e prático. O forte de Viena são os parques, os museus e os palácios. Não dá para não conhecer o Belvedere, o Hofburg e o Schöbrunn, os três principais palácios da capital austríaca. Entre os parques, destaque para o Prater, que é o parque de diversão onde se pode passear pela Riesenrad, roda gigante que proporciona uma linda vista da cidade. Para passear, nada como o Stadtpark que conta com muitos atrativos, como a mais bela igreja de Viena, a Karlskirche.
Quem gosta de igreja também tem muitas opções por lá, mas a obrigatória é a catedral, Stephansdom, que fica na Stephansplatz, centro turístico de Viena.
Para comer, é obrigatória uma visita ao café do Hotel Sacher, onde foi criada a torta mais representativa da cidade, a sachertorte. E também vale a pena tomar café da manhã no Café Central, indicado pelos moradores como o mais belo do lugar. Prédios como o da ópera, do Teatro Nacional, da Prefeitura e do Palácio Legislativo merecem uma visita. Entre os inúmeros museus, indico o Militar, que fica em um lindo edifício e o do relógio, que é bem interessante.
E ai? Já arrumou as malas?!  
17.8.10

Santo Doce de domingo


Depois de sair para passear no Parque da Jaqueira, ver o movimento tão familiar que toma as ruas dia de domingo, a Rua do Futuro nos levou de volta até a esquina com a Rua 12 de outubro, onde paramos para fazer um programinha dominical "de namorados": tomar sorvete. A sorveteria em questão é uma das minhas preferidas, a Santo Doce.

Eu sou fã dos sorvetes de fruta. Mas sempre que vou à Santo Doce são outros sabores que tomam meu paladar. Não é pra menos, já que não é fácil encontrar a variedade de sabores diferentes dessa sobremesa gelada provados por lá. São mais de 50 disponíveis no sistema self-service, incluindo alguns diet (R$ 39 o quilo).

A sorveteria fica numa casa antiga, no bairro dos Aflitos. O local já tem quase 10 anos de funcionamento (serão completados em outubro). A história começou com o desejo de Flávia e seu irmão Carlos Melo de abrir um café. Mas uma viagem mudou o rumo das coisas. Numa revista de bordo, Carlos conheceu a marca Sorvetes Bali, uma das mais conceituadas do país, e o café ficou pra trás.

Aliás, nem tanto, pois a sorveteria, além dos sorvetes exóticos que oferece, também conta com diferentes cafés. Mas é mesmo o sorvete que atrai a quantidade de gente que lota o local, principalmente aos domingos. Dessa vez, minha pedida foi o obrigatório Africano, sorvete de chocolate meio amargo com pedaços; Vinho do Porto, feito a partir da bebida; Maçã Verde; Blueberry; e Maracujá com Creme de Hortelã. O namorado pediu também o de Leite Ninho, outra delícia. A vontade é de pedir muito mais.

Além dos cafés e sorvetes, crepes, bebidas, sanduíches leves, sobremesas e outras comidinhas fazem parte do cardápio. Mas esse domingo o passeio foi só pro sorvete. As outras delícias ficam para outros posts.

Vai lá?
Santo Doce
Rua 12 de outubro, 15 :: Aflitos
3241.2034
De terça à sexta, das 12h às 21h.
Sábados e domingos até às 22h.
15.8.10

Era uma vez... um castelo no Agreste

Era uma vez um homem muito rico, mas sozinho. Um belo dia, ele se apaixona por uma mulher muito bonita, mas egoísta. Morrendo de amor, o homem pede a mulher em casamento. Ela diz:
- Eu só caso com você no dia que você for dono de um verdadeiro castelo!
Assim, por anos e anos o objetivo daquele homem foi construir um castelo igual ao das histórias medievais.
Depois de muito tempo, lá estava um lindo castelo de torres imperando na cidade. A moça, então, aceitou o pedido do homem e decidiu casar-se com ele. Mas, antes que pudessem oficializar, a mulher adoeceu e morreu.



História contada para apresentar o Castelo de Torres, em Pesqueira, Agreste Pernambucano.
Verdade ou mentira, fica a critério do "passeante". Mas que o castelo é lindo e igualzinho ao das histórias de realeza, isso é.
11.8.10

Etiquetas personalizadas

Minha geeente...

Achei uma coisa massa, lendo o blog A Janela Laranja, e decidi compartilhar aqui também.

É um site onde você pode fazer etiquetas de bagagem personalizadas. E o melhor de tudo: de graça!!!

Vai lá!
http://baggagelabel.klm.com/first.aspx


9.8.10

O caminho do meu "Padim Pade Ciço"

Eu não fui como romeira. Minha passagem por Juazeiro do Norte, no Sertão do Cariri, interior do Ceará, foi por acaso, no início deste ano. Mas aproveitei que estava na cidade para conhecer o tão falado caminho de fé, do famoso Padre Cícero, religioso com o maior número de devotos do Nordeste.


O caminho para chegar até lá em cima é longo e tortuoso. Chega a dar um frio na barriga quando a van faz as curvas e outro carro vem em nossa direção. Imaginar que todo aquele trecho é percorrido a pé por tanta gente é bem impressionante. Mas a fé funciona como uma mão que vai puxando aquele povo até lá em cima, quando se chega ao objetivo do caminho.

O Padre Cícero Romão Batista - ou Padim Ciço, como preferem chamar - é tido como santo desde que, afirmam, fez uma hóstia se transformar em sangue na boca de uma beata, em uma de suas missas, em 1889. Desde então o padre é adorado e muitos milagres são atribuídos a ele. Toda essa devoção está representada na Colina do Horto, onde está a estátua do Padim e o Casarão, um museu vivo da história dele.

A estátua do mais famoso padre do Nordeste é grande, imponente. Quando subimos, nos deparamos com uma enorme quantidade de promessas e pedidos feitos ao santo. Velas, objetos pessoais, fitinhas e muitos, muitos nomes escritos na imagem, ao lado de desejos e orações. Pessoas diferentes se misturam, enquanto algumas choram, rezam, clamam e outras apenas tiram foto.

Logo ao lado está o Casarão do Padre Cícero. É impressionante ver a fé depositada pelos devotos. Objetos variados, milhares de fotografias, roupas... Até vestido de casamento exposto encontramos por lá! Tudo representa milagres atribuídos a ele.

Diversas salas compõem o museu. Em muitas delas, bonecos de cera de figuras importantes daquela época, junto ao padre. Um ambiente em particular me chamou a atenção: uma sala com vários tonéis, dos quais os devotos, com a ajuda de conchas de ferro à disposição, bebem água. Fui lá e bebi também.

Andando mais lá por dentro, encontramos cartas, fotos de acidentes, histórias das mais variadas, milagres de diversos tipos. E gente de toda a fé. Saímos e, lá fora, mais devoção.

Antes de ir embora, uma parada para o comércio, que se aproveita para lucrar com a fé. São inúmeras barracas vendendo artigos religiosos com o Padre Cícero como "tema". Vou lá e dou uma ajudinha aos comerciantes, comprando um escapulário de presente para uma pessoa querida.

Na volta, entramos na van e pedimos ao Meu Padim Pade Ciço que nos reja, nos guarde e nos traga de volta.
3.8.10

Passeio de domingo: Centro Cultural dos Correios

Domingo é aquele diazinho sem graça da semana, quando a cidade toda parece estar de preguiça e, pra muita gente, sair de casa é quase um desafio. Eu confesso que a energia desse dia também me toma, mas aproveito para fazer passeios que em outros dias nunca dá tempo ou não são lembrados.
Um deles é sair à tarde e ir a exposições. E se a saída for essa, o Centro Cultural dos Correios (CCC) é um bom passeio, tanto pelo espaço, como pela localidade, já que o Recife Antigo, onde fica, é um dos poucos lugares da cidade "acordados" no domingo.

O prédio é enorme, uma construção do século passado, toda restaurada. A inauguração do espaço aconteceu há um ano, em julho  de 2009. São cinco andares, seis salas de exposição, cada uma com uma mostra diferente. Há também auditórios onde acontecem oficinas, palestras, cursos e até apresentações de música instrumental.

Logo no térreo é possível ver a exposição (até 29 de setembro) Futebol - Uma Paixão Nacional. A Filatelia Entra em Campo, que faz uma relação da história do Brasil nas copas e os selos.

Subindo, temos no primeiro andar uma sala repleta de objetos antigos que remontam o funcionamento dos Correios. Encontramos caixas antigas de cartas, máquinhas de autoatendimento, máquina de datilografar e até telex.

No segundo andar estava  em cartaz a mostra Caminhos do Santo (foi até dia 01), da artista paraibana Ana Veloso, sobre o Padre Cícero, o mais famoso sacerdote nordestino. Subindo mais um andar, encontramos a expo Pneumática, do artista plástico Paulo Paes. No espaço, esculturas infláveis, resultado de um estudo do artista com mestres baloeiros do Rio de Janeiro. Essa fica até o dia 29 de agosto.
No quarto piso do prédio está, até o dia 15 desse mês, A Arte do Barro, uma mostra das peças do Mestre Luiz Galdino, artista de Caruaru. Ainda subimos mais, onde encontramos Na Tela do Corpo, uma exposição de peças de roupa de alunos da Faculdade de Moda, inspiradas em grandes obras de arte.

Essa semana novas exposições, outros olhares e mais cultura serão levados ao CCC, quando entram em cartaz novas mostras. E aí você, ao invés de sentar e ficar pirando em casa com a programação de domingo, estica as pernas e vai "simbora" pra rua, aproveitar espaços como este. Ah! E é tudo de graça! Não tem nem desculpa...

Vai lá?
Centro Cultural dos Correios
Av. Marquês de Olinda, 262 :: Recife Antigo
(81) 3224.5739 :: 3424.1935
Funcionamento:
De terça a sexta: das 9h às 18h
Sábados e domingos: das 12h às 18h
É grátis!
29.7.10

Sonhos e causos de João do Pife

Até chegar na simples casinha foi complicado. Eram poucas as referências e cada uma daquelas pessoas sentadas na esquina do bairro do Salgado dava uma orientação diferente. Estávamos em Caruaru em busca da casa do mestre do pífano, João Alfredo Marques dos Santos, ou, simplesmente, João do Pife.

A oficina estava fechada, mas logo vimos números para contato na parede. Ligamos. Poucos minutos depois, lá vinha, com passo apressado, Seu João, todo contente por receber visitas naquele domingo. O sorriso no rosto vinha junto com ele. Aliás, eles são inseparáveis. Abraços apertados e o convite para entrar para o seu mundo, com todo o orgulho. Antes, lê-se a primeira lição, já meio apagada, na parede descascada da oficina: "Sejam aqueles que preferem cantar a vida". Aí a gente entra.

A casinha é azul, minúscula e ainda enfeitada com bandeirinhas e balões de festa junina. O espaço é todo ocupado por pífanos e tambores produzidos por Seu João. Nas paredes, fotos da família, da "Banda Dois Irmãos" - da qual ele faz parte junto a outros cinco parentes, entre filhos e netos - e matérias de jornal emolduradas. Há desde jornais locais a importantes matérias em publicações francesas e americanas. Resultado de 50 anos de profissão!

Em pouco tempo, João do Pife nos transporta para um universo que é dele. Conta histórias e casos dessa vida embalada pelo som do pífano, sua paixão. O orgulho de João do Pife por seu "fabrico" é contagiante! É impossível não sentar num dos banquinhos improvisados de madeira e ouvir as histórias dele.

Tudo começou quando ele tinha 14 anos, no município de Riacho das Almas, onde nasceu. "Meu mestre é esse aqui (mostrando a foto), Alfredo Marques dos Santos, meu pai. Anotou aí?!" Naquele tempo, João tocava nas novenas, atrás das procissões. Mais velho, mudou-se para Caruaru, onde teve um box na feira, no qual vendia e produzia seus instrumentos. Foram 35 anos de trabalho na famosa Feira de Caruaru.
O pífano levou Seu João a realizar sonhos que talvez ele nem tenha sonhado. Hoje, ele conhece mais de 26 países, graças a seu trabalho. "Se eu num tivesse aprendido a tocar o pífano, se num fosse essa taboca aqui, eu num tinha andado de avião o tanto que eu andei. Iam querer me levar pra fora pra fazer o quê?! Através do pífano eu caso e batizo!" A gente ri da simplicidade e vai sonhando junto com ele.

As andanças de João do Pife foram muitas. No seu currículo há aulas ministradas "naquele lugarzinho depois de Orlando..." (Florida). Foram 10 semanas produzindo, tocando e ensinando na Universidade. Hoje ele dá aulas, mas num Centro Social da sua cidade.
São três CDs lançados, sendo um no Brasil, outro na Alemanha e mais um na Inglaterra.
Quando eu pergunto dos lugares que conheceu, Seu João lembra do frio que passou em Curitiba. "O beiço engrossou e quando eu fui espiar os dedos eu vi que num tava sentindo. Tá doido?!"

Muitos foram os lugares por onde passou, muita coisa vivida, mas nenhuma vontade de sair da sua terra. "Isso aqui é meu fabrico, aqui é onde estão meus sonhos. Chego todo dia às seis da manhã, faço meu cafezinho com aquela alegria, faço tudo sonhando".
O desejo ainda não realizado é ver seu ofício levado à posteridade. Todos os oito filhos (dos quais tem 12 netos) são músicos, mas nenhum aprendeu a fabricar o pífano.
Depois de muita conversa - com paradas para escutar Seu João tocando - lembramos que estávamos ali para comprar o instrumento. Há opções de R$ 10, R$ 25 e R$ 40. Ele olha um por um, mostra a diferença entre eles e escolhe um "bem afinadinho". Para ter certeza, toca mais um pouquinho. Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) é a mais tocada. Ainda dá tempo de uma rápida aulinha de como tocar e segurar o pífano. Toda essa atenção tem um motivo. "Fico muito feliz quando chega gente aqui, porque tá valorizando a nossa cultura. Muito obrigada pela visita".

A gente sai dali com um sorriso no rosto e um aceno que não tem fim. Dá vontade de ficar mais, mas já é tarde.
Na volta, novos aprendizes do mestre recém-conhecido a "apitar" dentro do carro.
Ai que saudade de João do Pife...



Vai lá?
Oficina de João do Pife :: Caruaru
Rua Cardeal Arcoverde, 133.
Bairro do Salgado.
:: 9213.1411 :: 9104.4438 ::